Sempre chega aquele dia em que você pensa 'Eu quero ir embora daqui.' O meu demorou um pouco, mas chegou. Eu lembro que quando criança eu já fazia planos pro meu futuro, característica que fui perdendo à medida que as coisas iam se tornando mais difíceis, eu queria sair de casa aos 18 anos, morar sozinha num apartamento que tivesse minha cara na decoração e criar um gato, pra não me sentir tão sozinha, queria ter um emprego, que pagasse bem ou não, mas que desse para eu me manter sem precisar de mais ninguém, digo, dos meus pais.
Eu sentia que esse meu sonho de criança estava acontecendo quando comecei a andar sozinha, pegar ônibus sozinha, resolver minhas coisas sozinha, tomar minhas decisões 'sozinha'. Isso, aos quinze anos. Aos 17, tive trabalho e meu próprio dinheiro por um ano, não era muito mas assim, não precisava pedir dinheiro pro meu pai sempre que precisasse (isso me deixa constrangida até hoje). Mas só durou pouco menos de um ano. Depois, veio a escolha do curso pro vestibular, é difícil você decidir uma única profissão para sua vida inteira, uma única coisa de que você vai ter que gostar e se dedicar por toda sua vida, sem correr o risco de enjoar ou se cansar dela. Mais difícil ainda é encontrar o amor de minha vida, aquele que eu faço planos e mais planos pro futuro e pensar na possibilidade de que meu futuro se ligará ao dele. Eu me sinto andando em círculos, pensando sempre no mesmo assunto, num futuro que está muito longe de mim, e ao mesmo tempo parada no tempo.
Eu ja passei dos meus dezoito anos e ainda não moro sozinha, não tenho um apartamento decorado do meu jeito, nem um emprego que me mantenha. Mas ainda tenho aqueles mesmos sonhos de menina, tive que atrasá-los um pouco, é verdade. E apesar de serem os mesmos, preciso, dessa vez, não só sonhar, preciso fazer alguma coisa pra que eles não morram.
"Sonho parece verdade
Quando a gente esquece de acordar
Os dias parecem metade
Quando a gente acorda e esquece de levantar"
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